sexta-feira

Espécie em extinção

_ Eu sou uma espécie em extinção! disse Otávio para Carmen.
_ Oh! Não me diga!
_ Digo! Eu sou o último da minha espécie!
_Eu insisto, não me diga!
_Hum... Deus não faz mais homens como eu, porque dá muito trabalho.
_Ah! Sério? Eu que achava que fosse fácil. Carmen pensou imediatamente em um Homen todo poderoso jogando uma forma mal feita de homen e dizendo, ''Hum, não ficou bom!''
_Hum.. Não. Você acredita em Deus?
_ Oi?
_ Você acredita em Deus? É por causa do seu comentário...
Aí está uma pergunta interessante pensou Carmen ainda observando aquele estranho que poderia ser qualquer coisa, menos modésto... Pensou também em como chegara àquela situação que como diriam suas sobrinhas, 'uma furada'. Pensou nas respostas que poderia dar aquele estranho, teria que encontrar um que o fizesse recuar, abortar as suas cantadas e partir pra outra presa. Pensou em dizer: 'sim, acredito tanto que resolvi entrar em um convento, dedicar a minha vida a Deus.' Não seria uma boa idéia, podia até ver ele se aproximar dizendo '_ Mas você não pode entregar a sua vida a Deus sem antes experimentar um dos melhores pecados, você já conhece a luxúria?' Pensou em uma melhor, ' _ Acredito. Minha família é muito religiosa. Eu por exemplo só vou me entregar para um homem depois do casamento.' Mas daí ela corria o risco de receber uma propósta alí, no meio daquele bar inútil.
_ Não. Não acredito. Oh, resposta errada! Agora ele havia começado um discuro imenso sobre os fundamentos da igreja, da biblía e de outras coisas que não lhe interessavam.Pensou em como fora parar alí naquela ' furada'. Cecília era a sua irmã mais velha. Uma mulher frustrada e com um casamento frustrado. Desconfiara que o marido lhe traía. Na verdade, Carmem desconfiava disso desde o casamento. Mas a irmã só chegara àquela conclusão quando ouviu sem querer, uma conversa do marido ao telefone com uma moça de voz atraente.
_ Então? Na sua casa ou na minha?
_ Hã?
_ Na sua casa ou na minha? Sabe, eu e você somos pessoas adultas, resolvidas. Não temos porque continuar esse joguinho, eu sei que você me quer, e eu também te quero gata.
Carmen olhou à sua volta, certamente ela havia perdido alguma coisa na conversa, talvez houvesse chegado alguém e ela não havia notado, ou talvez ele dissesse sobre alguém...
_ Tá brincando né?
_ Não.
Ela ficou paralisada olhando com um certo horror e espanto aquele desconhecido que se achava de um espécie única. Era feio. Nunca teria olhado pra ele. Mas não teve opção. Tinha que ficar atenta caso o cunhado chegasse. E onde esse estranho Otávio estava sentado, ela tinha um ângulo perfeito do bar inteiro. E ele continuava falando, sem nem notar que ela não o estava escutando mais. Na sua cabeça passava um filme em que ela pegava o cinzeiro da mesa e dava-lhe na cabeça.
_ A minha casa é linda, e o meu carro é novinho... Já 'tá imaginando é?
_ Oh! Não. Eu estava pensando em 'coisas boas'. E quer saber? Que se dane Cecília e o seu marido. Não é problema meu. E meu querido, nâo me interessa se o seu carro é novo, ou sua casa tem piscina... Sinceramente, você consegue mulher com esse papinho tosco? Ai, tenha paciência viu!
Levantou-se e saiu. Sentou no bar e continuou a sua espera. não tardou muito e o cunhado apareceu com uma mulher realmente atraente. Sentaram-se, fizeram o pedido e depois que o garçon saiu, começaram a se beijar.'Pronto' pensou Carmen, 'agora posso ir embora'... Antes de sair, viu de relance aquele estranho conversando com outra garota.
_ Eu sou uma espécie em extinção...

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