quarta-feira

Rubem Alves - O amor que acende a lua





"Tristeza eu tenho porque muitas das coisas que moram na minha alma não podem ser comunicadas".

Stephenie Meyer - Lua Nova


"Esperei que o torpor voltasse, ou a dor. Porque a dor devia estar vindo. Eu quebrava minhas proprias regras. Em vez de fugir assustada das lembranças, eu me dirigi a elas e as acolhi. Ouvi as palavras dele com muita clareza em minha mente. Isso seria penoso pra mim, eu tinha certeza. Em especial se eu não pudesse resgatar a névoa para me proteger. Sentia-me alerta de mais, o que me assustava. Mas o alívio ainda era a expressão mais forte em meu corpo - um alívio que vinha bem lá do fundo. Por mais que lutasse para não pensar nele, eu não lutava para esquecê-lo. Eu me preocupava - tarde da noite, quando a exaustão da privação de sono penetrava em minhas defesas - que tudo desaparecesse. Que minha mente fosse uma peneira e que um dia eu não conseguisse me lembrar da cor exata de seus olhos, da sensação de sua pele fria e da cor exata de sua voz. Eu podia não pensar naquilo mas queria me lembrar de tudo. Porque só havia uma coisa em que eu precisava acreditar para poder viver - eu precisava saber que ele existira. Era só. Todo o restante eu podia suportar. Desde que ele tivesse existido."

A cura de Schopenhauer



"Grande parte da graça da vida se perde se nunca tiramos nossos mecanismos de proteção e partilhamos da alegria. Por que correr para a porta de saída antes da hora de fechar?"

Fernando Pessoa - Livro do desassossego



Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto. Faço férias das sensações.

terça-feira


Caio Fernando Abreu



"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis."
...
"Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos."
...
"Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém."
...
"Algumas vezes eu fiz muito mal para pessoas que me amaram. Não é paranóia não. É verdade. Sou tão talvez neuroticamente individualista que, quando acontece de alguém parecer aos meus olhos uma ameaça a essa individualidade, fico imediatamente cheio de espinhos - e corto relacionamentos com a maior frieza, às vezes firo, sou agressivo e tal. É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso. "

quinta-feira

Hilda Hilst


Aflição de ser eu e não ser outra.

Aflição de não ser, amor, aquela
que muitas filhas te deu, casou donzela
e à noite se prepara e se adivinha
objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha
que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)
aflição de ser água em meio à terra
e ter a face conturbada e móvel.

E a um só tempo múltipla e imóvel
não saber se se senta ou se te espera.

Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.

segunda-feira

Clarice Lispector

Se eu tivesse coragem de abandonar... de abandonar meus sentimentos? Se eu tivesse coragem de abandonar a esperança ...

sábado




O melhor livro de todos os tempos!!
Só um trechinho dessa história incrível!
Aproveite!

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Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E, saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a Própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história. História que, nas palavras dirigidas ao leitor pela ceifadora de almas no início de A menina que roubava livros, "é uma dentre a pequena legião que carrego, cada qual uma tentativa - uma tentativa que é um salto gigantesco - de me provar que você e a sua existência humana valem a pena."

"Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler"

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Trecho de A Menina Que Roubava Livros,
de Markus Zusak

Morte e Chocolate


Primeiro, as cores.
Depois, os humanos.
Em geral, é assim que vejo as coisas.
Ou, pelo menos, é o que tento.


- EIS UM PEQUENO FATO -

Você vai morrer.

Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.


- Reação ao fato supracitado -

Isso preocupa você?
Insisto — não tenha medo.
Sou tudo, menos injusta.

— É claro, uma apresentação.
Um começo.
Onde estão meus bons modos?

Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente.

Nesse momento, você estará deitado(a). (Raras vezes encontro pessoas de pé.) Estará solidificado(a) em seu corpo. Talvez haja uma descoberta; um grito pingará pelo ar. O único som que ouvirei depois disso será minha própria respiração, além do som do cheiro de meus passos.

A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu?

Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as cores que vejo — o espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão. Ajuda-me a relaxar.


- Uma pequena teoria -

As pessoas só observam as cores do dia
no começo e no fim,
mas, para mim, está muito claro que o
dia se funde através de
uma multidão de matizes e entonações,
a cada momento que passa.
Uma só hora pode consistir em milhares
de cores diferentes.
Amarelos céreos, azuis borrifados de
nuvens. Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão


Já que aludi a ele, o único dom que me salva é a distração. Ela preserva minha sanidade. Ajuda-me a agüentar, considerando-se há quanto tempo venho executando este trabalho. O problema é: quem poderia me substituir? Quem tomaria meu lugar, enquanto eu tiro uma folga em seus destinos-padrão de férias, no estilo resort, seja ele tropical, seja da variedade estação de inverno? A resposta, é claro, é ninguém, o que me instigou a tomar uma decisão consciente e deliberada — fazer da distração minhas férias. Nem preciso dizer que tiro férias à prestação. Em cores.
Mesmo assim, é possível que você pergunte: por que é mesmo que ela precisa de férias? De que precisa se distrair?
O que me traz à minha colocação seguinte.
São os humanos que sobram.
Os sobreviventes.
É para eles que não suporto olhar, embora ainda falhe em muitas ocasiões. Procuro deliberadamente as cores para tirá-los da cabeça, mas, vez por outra, sou testemunha dos que ficam para trás, desintegrando-se no quebra-cabeça do reconhecimento, do desespero e da surpresa. Eles têm corações vazados. Têm pulmões esgotados.
O que, por sua vez, me traz ao assunto de que lhe estou falando esta noite, ou esta manhã, ou seja lá quais forem a hora e a cor. É a história de um desses sobreviventes perpétuos — uma especialista em ser deixada para trás.
É só uma pequena história, na verdade, sobre, entre outras coisas:
* Uma menina
* Algumas palavras
* Um acordeonista
* Uns alemães fanáticos
* Um lutador judeu
* E uma porção de roubos

Vi três vezes a menina que roubava livros.

...

Malvados - Porque a verdade dói.



  • 'A vida é um chiclete que vai perdendo o açucar.'
  • "Não é só o medo de viver, tem também o pavor da morte."
  • "Vocês não repararam, mas Deus adora dar sustos"
    • "tem certos rancores que guardo com muito carinho"
  • "Apaixonados por feriado, como todo brasileiro"
  • "- nessa vida, poucas coisas valem mais do que dinheiro- o amor verdadeiro, né?
    - não. barras de ouro segundo o silvio santos."
  • "Eu quero um analista que bata na minha cara quando eu chorar..."
  • "Mais uma punhalada nas costas e terei um faqueiro completo"
  • Sou da época em que as crianças só matavam aulas.
  • O mundo não é triste, você é que é muito alegre.
  • Deus é o papai noel dos adultos.
  • "Deus é puro amor... mas o diabo é que é bom de cama"
  • "Um revolver é um argumento forte, mas um fuzil é uma verdade cientifica"
  • " A falta de memória é um atalho pra felicidade"
  • Amigos só servem para deixar o orkut mais lento.
  • "Amarre-o nesta poltrona. Vamos ver se ele aguenta quatro horas de Faustão.
  • Nossas vidas são superficiais. Por isto inventaram os remédios para dormir.

  • "- Quantas vezes você já mentiu pra mim hoje?
    - É para levar em conta a resposta que vou dar agora?"

  • - Se mulher fosse bom mesmo, não era de graça.
    - Não fale assim, pois com o tempo você terá que pagar.

  • "Ainda vão inventar um vibrador que abra latas e tira o lixo pra rua."
  • "Conheço vários otimistas, todos com menos de dez anos"
  • "Deus me ama mas está me ignorando pra me deixar apaixonado"
  • "Tenho medo de morrer e reencarnar em mim mesmo"
  • "Ele resiste aos maus tratos, chefe. Disse que é professor hà dez anos."
  • " Um dos aspectos bons da vida é que ela acaba rápido "
  • "Gosto de saber a verdade, como todo masoquista."
  • "Sabe como resolvi a raiva que guardo dos meus pais? Com um facão."
  • "Vou para o oriente, meditar e tomar tiros"
  • "- Se voce queria ser feliz a vida inteira deveria ter se matado aos seis anos.
    - E essa é a boa notícia, depois contaremos a ruim."

  • "Sou mal desenhado,mas tenho aquele charme que só os feios desenvolvem."



Acesse

sexta-feira

Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres - Clarice Lispector



"Olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós. Não temos amado acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não entendemos porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não esteja catalogada. Não nos temos entregues a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. temos evitado cair de joelhosn diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos procurado nos salvar, mas sem usar a palavra salvação para não envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de ciúmes e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Temos disfarçado com falso amor nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos o que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos, e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público o que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia."

quinta-feira

Caio Fernando Abreu - carta para Nair e Zaél Abreu

"Estou me transformando aos poucos num ser humano meio viciado em solidão. E que só sabe escrever. Não sei mais falar, abraçar, dar beijos, dizer coisas aparentemente simples como 'eu gosto de você'. Gosto de mim. Acho que é o destino dos escritores. E tenho pensado que, mais do que qualquer outra coisa, sou um escritor. Uma pessoa que escreve sobre a vida - como quem olha uma janela - mas não sabe vivê-la."

São Paulo, 12 de Agosto de 1987.

Caio Fernando Abreu - Os Dragões...

"Por favor, quis pedir, me leva daqui, preciso de ajuda antes que seja tarde demais. Mas não era permitido. Rígidos rituais solenes, escondidos atrás das fórmulas de cortesia, às cinco e quinze da tarde. E a dor feito buraco de traça disfarçado sob castiçais."

Clarice Lispector - A Descoberta do Mundo

"Deus, o que nos prometeis em troca de morrer? Pois o céu e o inferno nós já os conhecemos - cada um de nós quase em segredo de sonho já viveu um pouco do próprio apocalipse. E a própria morte.
Fora das vezes em que quase morri para sempre, (...) quantas vezes num silêncio humano minha alma agonizando esperava por uma morte que não vinha. E como escárnio, por ser o contrário em que minha alma sangrava, era quando o corpo mais florescia. Como se meu corpo precisasse dar ao mundo uma prova contrária de minha morte interna para esta ser mais secreta ainda. Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em segredo até que a morte do corpo venha, e alguém, adivinhando, diga: esta, esta viveu."

Clarice Lispector - A Descoberta do Mundo

"Mas este me parece um profundo desejo de mudança de vida. Não precisa ser feliz sequer. Basta ano novo. E é tão difícil mudar. Às vezes escorre sangue."

"E se tento falar, sai um rugido de tristeza. Então não é cólera apenas? Não, é tristeza também."

"Tudo que é forte demais parece estar perto de um fim."

"Gêneros não me interessam mais. Interessa-me o mistério."

"Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil."