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Eu pretendia chorar na viagem, porque fico sempre com saudade de mim.(...) As pessoas daqui me olham como se eu tivesse vindo direto do Jardim Zoológico. Concordo inteiramente. Para não chamar atenção, estou usando cachinhos na testa e uma voz doce como nem Julieta conheceu.
(A Lúcio Cardoso, Belo Horizonte, 13 de julho de 1941)
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É preciso sempre desconfiar quando assumo esse sorridente ar infeliz.
(A Maury Gurgel Valente, 2 de Janeiro de 1942)
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Somente uma coisa me faria bem agora. Seria adormecer com a cabeça no seu colo, você me dizendo bobagenzinhas gostosas pra eu esquecer a ruindade do mundo.
(De Maury Gurgel Valente, 5 de Janeiro de 1942)
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Enquanto isso, vá me estendendo a mão, que eu preciso dela. Se você não diz nada, é porque há muita coisa dentro de você. Eu gostaria que você se confiasse um poquinho mais a mim. É isso que eu chamo de jogo unilateral. Não pense que eu ando atrás só de "belas coisas simples". Eu quero qualquer coisa, desconexa, contraditória, insegura, não tem importância, desde que seja sua. As definições redondas e grandiloquentes, as coisas categóricas e acabadas não me satisfazem, porque eu não sou assim. Se não quiser dizer nada, também não faz mal, basta me estender a mão.
(De Maury Gurgel Valente, 9 de Janeiro de 1942)
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