segunda-feira

Nenê Altro - Os Funerais do Coelho Branco



Eu sou um estilete sem cabo.

Quer pegar, pega.

Só que não entro nem saio da vida de ninguém sem deixar marcas.

Marcas boas ou ruins.

Mas marcas.


Lâmina cada dia mais afiada.

Quer segurança?

Vai brincar com cotonete.

Eu não nasci pra isso.

Eu curto pulso, sangue, intensidade.

Bebo anti-socialmente.

E tenho tatuagens feias feitas com motor de boneca e agulha de costura por amigos nos anos 80.

Caveiras toscas.

Marcas de uma época.

Lembranças de quem sou.

Do que sou.

Do que nasci pra ser.

E foda-se.

Foda-se mesmo.

Eu sou uma máquina de ferimentos.

Quer beijar?

Vai ser intenso.

Quer brincar?

Só não fala que eu não avisei.

Eu sou o olho necrosado de Jack.

E coço ele com minhas lâminas.

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